domingo, setembro 30

Conto – A Noiva




Vamos a um novo conto? Gostas de casamentos? Eu gosto, mas serão todos alegres?
😔😔😉😁


Conto – A Noiva

Quando a música matrimonial iniciou, centrado naquele propósito familiar, as vozes silenciaram-se, como se soubessem da dor que a noiva carregava. Jamais havia conhecido o noivo… Era inevitável aquele silêncio absurdo e à medida que a noiva arrastava o longo véu branco, mais esse silencio se fazia ouvir.
O pai da noiva, saciado das suas ambições, entregou a sua filha a um desconhecido e a mãe, reservada a um canto, chorava de emoção. Ninguém pensava na noiva, na sua dor, nos seus desejos mais íntimos. Tudo tinha um propósito, tudo tinha de se cumprir.
E durante a festa, alegres com a música e com a comida abundante, risos desnecessários apagavam a existência da noiva. Estaria ali, ao lado daquele homem que agora dizia ser o seu marido?
O odor do assado e do chili inundava a divisão, e o fumo intoxicante dos vários cachimbos sobressaltavam-se. A frieza daquele sucedimento impaciente havia dissipado o calor abrasador que fazia lá fora. O vento sussurrava nas janelas, mas ninguém ouvia.
Nas profundezas da escuridão, as lágrimas jovens caiam, preocupadas com aquele futuro precipitado. Ninguém ouvia, ninguém queria ouvir… Noiva, vestida de branco, o que será de ti? Os meus olhos não te podem ver, mas compreendem-te na perfeição.


FIM…
(Borboleta Voadora, Portugal, 30-09-2018)



Um abraço e até à próxima.


Borboleta Voadora
😊😊😊

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