segunda-feira, agosto 20

Os Elementos da Narrativa – O Narrador




Acredito que a palavra narrador não seja nova para ti, sabes quem ele é e a razão da sua existência. A sua função é a mais fácil de citar, mesmo que exista quem confunda o narrador com o autor da história. O narrador é um dos elementos da narrativa e sem ele a história não pode ser contada, mesmo que os outros elementos estejam presentes. Ele possui a função de narrar a história e tal como os outros elementos é uma criação do autor – o narrador conta a história e o autor cria a história.

O narrador é aquele que conduz a história, que a estrutura e decide por onde começar. O leitor só fica a saber aquilo que o narrador lhe transmite, mesmo que este saiba muito mais do que conta. Por ser ele a estruturar a história, a decidir como deve e quando deve contar os acontecimentos ao leitor, é também ele que define o foco narrativo a partir do seu ponto de vista, e quando falo do ponto de vista falo da sua presença, da sua posição e da sua focalização na história.

Presença
Quanto à sua presença na história, o narrador pode ser narrador participante, conta a história em que participa como protagonista ou testemunha – aqui apresenta-se o ponto de vista na primeira pessoa – e narrador não participante, aquele que conta a história sem participar dos acontecimentos – aqui apresenta-se o ponto de vista na terceira pessoa.
Posição
Quanto à sua posição, o narrador pode ser objetivo, mantendo uma posição imparcial e narrado os acontecimentos com objetividade; e ser subjetivo, o oposto de objetivo, narrando os acontecimentos com parcialidade, soltando opiniões, avaliações e juízos sobre o que acontece, criando uma narrativa subjetiva.
Focalização
Quanto à sua focalização, o narrador pode ser omnisciente, isto é, o narrador sabe tudo sobre tudo, incluindo os pensamentos, as emoções e os sentimentos das personagens. Controla a narrativa totalmente de forma ilimitada.


Quando tentamos designar o foco narrativo de uma história, devemos identificar o tipo de narrador escolhido, ou seja, determinar se está a ser contada na primeira ou na terceira pessoa.

Sempre que a história for narrada na primeira pessoa, o narrador é uma personagem, que faz parte dos acontecimentos que narra ao longo da história. Possui uma opinião sobre o ocorrido e uma visão parcial e limitada, já que desfruta apenas do seu próprio angulo de visão para narrar os acontecimentos. A narrativa deste tipo de narrador é rodeada de emoções e sentimentos, especialmente daquele que narra os acontecimentos e de suspense, já que o leitor acompanha apenas aquilo que o personagem vê, sabe e vive.
Dentro deste tipo de narrador, podemos destacar:

Narrador-Protagonista
Narrador-Testemunha
Aqui, o narrador é a personagem principal da história, o protagonista, e todos os acontecimentos narrados por ele estão ligados a si mesmo, vivendo-os e sentindo-os em primeira mão. O leitor partilha dos sentimentos mais íntimos do narrador, e como só os dele, tem uma visão limitada da história.
Aqui, o narrador não é a personagem principal da história, apenas uma personagem que narra os acontecimentos num ponto de vista imparcial, contando apenas aquilo que vê, sente, ouve e sabe. Normalmente, a personagem que desempenha este papel encontra-se numa posição importante tal como o protagonista.


Sempre que a história for narrada na terceira pessoa, o narrador é um observador, uma identidade abstrata criada pelo autor, que narra os acontecimentos por fora, não participando deles. As principais características deste tipo de narrador são a omnisciência, que é quando o narrador sabe tudo o que acontece na história e onipresença, que é quando o narrador se encontra em todos os lugares e a todo o momento na história.
Dentro do narrador de terceira pessoa temos:

Narrador-Onisciente
Narrador-Observador
Este narrador é como um verdadeiro Deus, que observa tudo de cima e que sabe tudo sobre tudo. Conhece as suas personagens por dentro e por fora – os seus sentimentos e emoções, os seus pensamentos mais íntimos, a sua própria essência. Sabe o que lhes aconteceu (passado) e o que lhes vai acontecer (futuro).
Este narrador pode saltar de personagem em personagem (foco em foco) e ainda narrar acontecimentos que estão a acontecer simultaneamente em dois lugares distintos.
Este narrador presencia a história, mas ao contrário do narrador-omnisciente, não sabe tudo sobre tudo, apenas aquilo que vê, ouve e sente. Comporta-se quase como uma testemunha dos acontecimentos que narra, não participando deles. Não tem, também, conhecimento sobre a vida das personagens (passado e futuro), sobre os seus pensamentos, emoções e sentimentos e sobre as suas personalidades.
Foca-se apenas em contar a história.


Dentro do narrador-omnisciente ainda podemos destacar duas variantes, o:
  • Narrador-omnisciente-neutro: aquele que relata os acontecimentos sem dar qualquer opinião sobre eles, sobre o comportamento e a vida das personagens, sobre as suas decisões e sentimentos, sobre os seus costumes, moral e religião. Evita fazer qualquer juízo da história, não influenciando o leitor sobre o que ele deve ou não pensar/acreditar.
  • Narrador-omnisciente-seletivo: aquele que faz totalmente o oposto, criando juízos, impressões e comentários sobre tudo o que acontece na história, influenciando o leitor a tirar conclusões e a colocar-se a favor ou contra às personagens e seus feitos – a sua intrusão é o seu ponto mais marcante nesta variante ao criar uma distância mínima entre a história e o seu leitor.



Bem…
Por hoje é tudo. 😉
Um abraço e até à próxima.


Borboleta Voadora
😊😊😊

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