quarta-feira, agosto 22

Os Elementos da Narrativa – O Enredo




Hoje vou falar do enredo, mas em que se resume exatamente o enredo?
Pois nada mais é ao conjunto de acontecimentos que se sucedem ordenadamente, onde as personagens vivem e interagem.
Os acontecimentos que surgem ao longo da história evoluem e comprometem-se a desenvolver-se de forma verossímil, quanto à necessidade e à possibilidade do mesmo.

Quando se fala de verossimilhança, não compete ao escritor criar uma regra geral para a sua história, e sim manter os acontecimentos ligados à realidade do enredo, da história, mesmo que a sua racionalidade perante a realidade do nosso mundo não seja possível. Ou seja, num mundo onde a magia existe, é natural que os bruxos aprendam sobre magia, tal como acontece na coleção de Harry Potter. Nenhum deles nasceu a saber praticar qualquer magia, e na nossa realidade isso também não é possível – ninguém nasce a saber fazer algo! Os acontecimentos devem respeitar a lógica interna da história.

O mesmo acontece em relação à credibilidade dos acontecimentos, mesmo que eles sejam totalmente inventados. Num mundo ficcional onde os animais falam será natural para o leitor ver tal coisa a acontecer, mas se isso não acontece e acaba a história sem haver qualquer indício de o terem feito, o enredo perderá a credibilidade perante o leitor, já que não houve qualquer acontecimento que provasse a existência de tal pormenor. A história terá um aspeto negativo na visão do leitor – uma sensação que o escritor esteve a tempo todo a gozar com ele.

Concluindo, todos os acontecimentos narrados na história devem possuir uma causa, ou seja, uma razão para que aquilo que está a ser narrado aconteça e uma consequência, ou seja, um resultado positivo ou negativo no mundo criado. A verossimilhança e a credibilidade dos acontecimentos são os constituintes da famosa “relação causa e efeito do enredo”.

No que diz respeito à estrutura do enredo, um assunto bastante familiar, ele divide-se em três partes – na introdução, no desenvolvimento e na conclusão – que correspondem ao início, meio e fim da história.

A introdução resume-se à apresentação da história, onde o narrador expõe as personagens, normalmente as mais importantes, a situação em que se encontra a narrativa e às vezes alguns acontecimentos que desencadearão o início da história. Também pode apresentar o tempo e o espaço onde a história acontece ou inicia e o tema central. O surgimento do conflito acentua o fim desta parte da estrutura do enredo.

O desenvolvimento concentra-se na evolução do conflito – ou conflitos, já que normalmente existem mais do que um, nomeados de conflitos secundários. Corresponde à parte mais comprida da história, onde somos informados de possíveis passados (analepse), onde podem surgir novas personagens, acontecimentos cheios de tensão e outras coisas que ajudarão na compreensão da história. O fim do desenvolvimento é marcado pelo encaminhamento para o final da história.

A conclusão corresponde à resolução do conflito, o final da história. É aqui que o narrador revela a essência da história, o seu prepósito, mensagem ou moral. As personagens encontram os seus finais, felizes ou não, e a concretização dos seus feitos.

É na conclusão que o clímax e o desfecho são apresentados: o clímax corresponde ao momento em que o conflito atinge o seu auge, para depois ser resolvido e o desfecho corresponde à resolução do conflito e ao final das personagens.

O escritor, no entanto, é livre de escolher a sua própria organização dessas partes. Acredito que já tenhas presenciado alguns livros onde começam pelo final ou até mesmo pelo meio da história. A organização escolhida é determinada pelo conflito principal – pode haver mais do que um conflito – que é o elemento que gera tensão e prende o leitor à história.

O mesmo acontece com os acontecimentos que compõem a história. O enredo desenvolve-se a partir da influência que os acontecimentos têm sobre ele, que seguem uma disposição logica para o narrador, ou seja, podem não seguir uma ordem cronológica. A essa disposição dá-se o nome de enredo psicológico, os acontecimentos surgem na história sem uma organização linear, cronológica, dependem da mente do narrador e se for o caso, da personagem que esta a contar a história. Alguns dos acontecimentos narrados neste tipo de enredo podem corresponder a lembranças, sonhos, emoções, fantasias, sensações, etc., correspondem ao interior psicológico de quem está a contar a história. A ordem destes acontecimentos segue o padrão do tempo psicológico, algo que irei tratar na minha futura publicação sobre o tempo da história.

Antes de concluir, queria deixar algumas noções importantes relacionadas com o enredo, que são as seguintes:
  • Enredo Principal (ação): corresponde aos acontecimentos principais da história que está a ser narrada.
  • Enredo Secundário (ação): corresponde aos acontecimentos menos importantes da história que podem ou não estar ligados ao enredo principal.

Quando relacionamos vários enredos (ações) numa história, eles podem ser disponibilizados de três maneiras:
Encaixe
Encadeamento
Alternância
A ação é introduzida dentro de outra que já está a ser narrada.
As ações narradas seguem uma ordem cronológica e o final de uma origina o início de outra.
As ações desenrolam-se separadamente e são contadas de forma alternada. A certo momento podem fundir-se.



RESUMINDO:

O ENREDO DEVE POSSUIR…
Verossimilhança e Credibilidade, ou seja, respeitar a realidade do “mundo” criado.
E a sua estrutura divide-se em três partes:
Introdução
(início)
Desenvolvimento
(meio)
Conclusão
(fim)
Que corresponde à apresentação da história e do conflito.
Que corresponde ao desenvolvimento e evolução do conflito.
Que corresponde ao clímax e ao desfecho do conflito.
O clímax corresponde ao auge do conflito, ao ponto mais alto do mesmo.
O desfecho corresponde à resolução do conflito.



Bem… Por hoje é tudo.
Um abraço e até à próxima.


Borboleta Voadora
😊😊😊

2 comentários:

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