Hoje vou falar do enredo, mas em que se resume exatamente o enredo?
Pois
nada mais é ao conjunto de acontecimentos que se sucedem ordenadamente, onde as
personagens vivem e interagem.
Os acontecimentos que surgem ao longo da
história evoluem e comprometem-se a desenvolver-se de forma verossímil, quanto
à necessidade e à possibilidade do mesmo.
Quando se fala de verossimilhança, não compete ao escritor criar uma
regra geral para a sua história, e sim manter os acontecimentos ligados à
realidade do enredo, da história, mesmo que a sua racionalidade perante a
realidade do nosso mundo não seja possível. Ou seja, num mundo onde a magia
existe, é natural que os bruxos aprendam sobre magia, tal como acontece na coleção
de Harry Potter. Nenhum deles nasceu a saber praticar qualquer magia, e na
nossa realidade isso também não é possível – ninguém nasce a saber fazer algo! Os
acontecimentos devem respeitar a lógica interna da história.
O mesmo acontece em relação à credibilidade dos acontecimentos, mesmo
que eles sejam totalmente inventados. Num mundo ficcional onde os animais falam
será natural para o leitor ver tal coisa a acontecer, mas se isso não acontece
e acaba a história sem haver qualquer indício de o terem feito, o enredo
perderá a credibilidade perante o leitor, já que não houve qualquer
acontecimento que provasse a existência de tal pormenor. A história terá um
aspeto negativo na visão do leitor – uma sensação que o escritor esteve a tempo
todo a gozar com ele.
Concluindo, todos os acontecimentos narrados na história devem possuir
uma causa, ou seja, uma razão para que aquilo que está a ser narrado aconteça e
uma consequência, ou seja, um resultado positivo ou negativo no mundo criado. A
verossimilhança e a credibilidade dos acontecimentos são os constituintes da
famosa “relação causa e efeito do enredo”.
No que diz respeito à estrutura do enredo, um assunto bastante familiar,
ele divide-se em três partes – na introdução, no desenvolvimento e na conclusão
– que correspondem ao início, meio e fim da história.
A introdução resume-se à apresentação da história, onde o narrador expõe
as personagens, normalmente as mais importantes, a situação em que se encontra
a narrativa e às vezes alguns acontecimentos que desencadearão o início da
história. Também pode apresentar o tempo e o espaço onde a história acontece ou
inicia e o tema central. O surgimento do conflito acentua o fim desta parte da
estrutura do enredo.
O desenvolvimento concentra-se na evolução do conflito – ou conflitos,
já que normalmente existem mais do que um, nomeados de conflitos secundários. Corresponde
à parte mais comprida da história, onde somos informados de possíveis passados
(analepse), onde podem surgir novas personagens, acontecimentos cheios de
tensão e outras coisas que ajudarão na compreensão da história. O fim do
desenvolvimento é marcado pelo encaminhamento para o final da história.
A conclusão corresponde à resolução do conflito, o final da história. É
aqui que o narrador revela a essência da história, o seu prepósito, mensagem ou
moral. As personagens encontram os seus finais, felizes ou não, e a
concretização dos seus feitos.
É na conclusão que o clímax e o desfecho são apresentados: o clímax
corresponde ao momento em que o conflito atinge o seu auge, para depois ser
resolvido e o desfecho corresponde à resolução do conflito e ao final das
personagens.
O escritor, no entanto, é livre de escolher a sua própria organização
dessas partes. Acredito que já tenhas presenciado alguns livros onde começam
pelo final ou até mesmo pelo meio da história. A organização escolhida é
determinada pelo conflito principal – pode haver mais do que um conflito – que
é o elemento que gera tensão e prende o leitor à história.
O mesmo acontece com os acontecimentos que compõem a história. O enredo
desenvolve-se a partir da influência que os acontecimentos têm sobre ele, que
seguem uma disposição logica para o narrador, ou seja, podem não seguir uma
ordem cronológica. A essa disposição dá-se o nome de enredo psicológico, os
acontecimentos surgem na história sem uma organização linear, cronológica,
dependem da mente do narrador e se for o caso, da personagem que esta a contar
a história. Alguns dos acontecimentos narrados neste tipo de enredo podem corresponder
a lembranças, sonhos, emoções, fantasias, sensações, etc., correspondem ao
interior psicológico de quem está a contar a história. A ordem destes
acontecimentos segue o padrão do tempo psicológico, algo que irei tratar na
minha futura publicação sobre o tempo da história.
Antes de concluir, queria deixar algumas noções importantes relacionadas
com o enredo, que são as seguintes:
- Enredo Principal (ação): corresponde aos acontecimentos principais da história que está a ser narrada.
- Enredo Secundário (ação): corresponde aos acontecimentos menos importantes da história que podem ou não estar ligados ao enredo principal.
Quando
relacionamos vários enredos (ações) numa história, eles podem ser
disponibilizados de três maneiras:
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Encaixe
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Encadeamento
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Alternância
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A
ação é introduzida dentro de outra que já está a ser narrada.
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As
ações narradas seguem uma ordem cronológica e o final de uma origina o início
de outra.
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As
ações desenrolam-se separadamente e são contadas de forma alternada. A certo momento
podem fundir-se.
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RESUMINDO:
O ENREDO DEVE POSSUIR…
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Verossimilhança e Credibilidade,
ou seja, respeitar a realidade do “mundo” criado.
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||
E
a sua estrutura divide-se em três partes:
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||
Introdução
(início)
|
Desenvolvimento
(meio)
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Conclusão
(fim)
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Que
corresponde à apresentação da história e do conflito.
|
Que
corresponde ao desenvolvimento e evolução do conflito.
|
Que
corresponde ao clímax e ao desfecho do conflito.
|
O clímax corresponde ao auge do conflito, ao
ponto mais alto do mesmo.
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||
O desfecho corresponde à resolução do
conflito.
|
Bem… Por
hoje é tudo.
Um abraço
e até à próxima.
Borboleta
Voadora
😊😊😊
Muito bom! Gostei dessas dicas.
ResponderEliminarMuito bom! Gostei dessas dicas.
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