Então, estão a gostar
da chuva? ☂☔
Eu entendo se não
estiverem, mas tudo é preciso, e tal como a natureza, nós também precisamos da
chuva. Nestes dias, provavelmente, devem sentir-se desmotivados e sem forças
para continuar, mas acreditem, estes dias também são importantes. Pessoalmente,
é nestes dias que paro para pensar sobre tudo o que esta a acontecer na minha
vida. 😊 E sabem qual foi a
conclusão a que eu cheguei?
Sim, preciso de mudar
algumas coisas, aquelas que não estão a correr bem…
Vamos caminhar um dia
de cada vez, e fazer as mudanças necessárias.
Conto – Avaliação
Naquele
momento, Carlos tremia e suava frio. Sentia-se sempre assim quando tinha alguma
avaliação ou quando iria receber alguma. Gostava de estudar, mas só aquilo que
realmente queria aprender, e quando era algo que não chamava a sua atenção,
estudar tornava-se uma tortura. Queria que fosse diferente, mas não conseguia.
Para
o seu irmão gémeo, Armando, o estudo era como saltar num trampolim, fácil e sem
problemas. Tinha sempre as melhores notas, era o delegado de turma. Costumavam
dizer que eles eram como a água e o azeite, apesar de serem fisicamente iguais.
Carlos
tinha sempre notas baixas, o oposto do seu irmão.
- Desta vez, não correu mal – disse o professor de história à turma –, mas podia
ter corrido melhor.
O
professor de história era um homem alto e barrigudo. Possuía óculos quadrados e
cabelos longos, presos por um elástico. Costumava usar umas calças de bombazine
com suspensórios, mas naquele dia as calças de ganga apertadas dava a sensação
de que a qualquer momento iriam arrebentar.
-
Talvez tenha um encontro – cochichou o Armando, depois de reparar na aparência
diferente do professor. – Ele é solteiro, não é?
-
Sim, acho que sim.
Carlos
levantou o olhar e reparou que o professor distribuía os testes e fazia os seus
habituais comentários, talvez numa tentativa de incentivar melhores resultados.
-
Se tiver mais uma nega, o pai vai tirar-me a playstation… Que saco! Eu não
tenho culpa de não gostar de história! É uma seca!
-
Também não gosto, mas faço um esforço – disse o Armando. – Como é que te correu
o teste? Foi assim tão mau?
-
Pessimamente! Não consegui lembrar-me das datas nem do nome daquele rei
esquisito. Eu simplesmente não consigo!
-
Tem calma, eu convenço o pai a não tirar-te a playstation – disse o Armando, a
sorrir. – Podemos jogar assim que chegarmos a casa, antes do pai chegar do
trabalho!
- O
quê!? Isso é uma despedida antes de ficar sem ela?
-
Claro que não!
Em
pouco tempo o professor de história aproximou-se da mesa dos gémeos. Primeiro olhou
para um e depois para o outro, talvez numa tentativa de distingui-los. Suspirou
derrotado, e começou a falar para os dois:
-
Armando, pouco tenho a acrescentar, a tua nota foi excelente. Cometeste um erro
ou dois, mas é satisfatório – disse o professor, com orgulho. – Carlos, desta
vez superaste-te, até fiquei admirado, mas não foi o suficiente. Tens de estudar
mais para alcançares o teu irmão. Ou pelo menos, para a positiva.
O
professor entregou os testes e retornou à sua secretária. Carlos já esperava a
sua nota negativa, mas não pode deixar de pensar que esteve tão perto da
positiva.
-
Mais um excelente para a coleção, não é Armando? – comentou o Rodrigo, da mesa
ao lado. – Que sorte!
-
Não, não tive excelente. Desta vez, a matéria era difícil. Não é, Carlos?
-
Sim…
Carlos
suspirou e guardou o teste na capa. Ele sabia que seria sempre aquele que teria
de estudar muito para obter resultados, enquanto o seu irmão estudaria apenas para
passar o tempo.
«Não
tenho sorte nenhuma, que saco!», pensou com tristeza.
-
Então, Carlos, não fiques assim – disse-lhe a Ana, ao virar-se para trás. – De
certeza que o professor vai fazer recuperação. Eu ajudo-te a estudar!
- E
a mim, não ajudas? – perguntou o Armando, na brincadeira.
-
Precisas de ajuda? – questionou a Ana, ao colocar a mão direita sobre o
coração, numa tentativa frustrada de se mostrar surpreendida. – Tudo bem, eu
posso falar com a Filipa, talvez ela queira ajudar-te…
-
Não, obrigada, não preciso de ajuda! – exclamou o Armando, atropelando as
palavras com o nervosismo. – Eu realmente não preciso!
Carlos
abafou o riso e depois empiscou a Ana, que também fazia um enorme esforço para
não desatar a rir às gargalhadas.
- Ana,
eu preciso, ajudas-me?
-
Sempre, Carlos!
FIM…
(Borboleta Voadora,
Portugal, 05-10-2020)
Um abraço e até à
próxima.
Borboleta Voadora
😉😉😉
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