quarta-feira, fevereiro 6

Reflexão VI – Direito ao Prazer






Muitos não sabem, mas hoje é o Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, determinado em 2003 pelas Nações Unidas.

Mas o que é isso? Pois nada mais é do que uma prática ancestral executada em muitos dos países espalhados pelo mundo, onde mulheres, jovens e crianças são submetidas a uma remoção ritualista de uma parte ou de todos os órgãos sexuais externos, impedindo-as de sentirem qualquer prazer sexual e para além disso, conservar a submissão perante o homem.

O procedimento realizado, normalmente, consiste na remoção total do clitóris, e em casos mais graves, na remoção dos pequenos e grandes lábios e no fecho da vulva. Neste último, apenas um pequeno orifício é deixado, de modo a permitir a passagem da urina e da menstruação.

A curto e a longo prazo, esta prática trás consequências irreversíveis para as mulheres e a sua gravidade depende da forma como o ritual é executado – se teve ou não a participação de um médico, o que na maior parte dos casos não acontece (aumentando a probabilidade de contágio de doenças transmissíveis, como a hepatite B e o vírus do HIV).

Entre as diversas complicações associadas estão o inchaço, infeções diversas (especialmente, no local), dores, hemorragias (que podem ser catastróficas, levando à morte da pessoa), anemia, retenção da urina, infeções urinárias, problemas na cicatrização, ou outros ainda mais graves, como septicemia (infeção potencialmente fatal que danifica os tecidos e os órgãos perante uma resposta errada do corpo), fascilíte necrosante (infeção que causa a morte dos tecidos moles), tétano (infeção grave caracterizada por espasmos musculares), gangrena (morte de tecidos por falta de irrigação sanguínea) e endometrite (inflamação do revestimento interior do útero). A longo prazo, as suas consequências podem resultar em cicatrizes, queloides (um tipo de cicatrização caracterizada por lesões grandes na pele), cistos epidermoides, entre outros.

Em caso de gravidez e de parto, a mulher pode simplesmente não resistir.

A mutilação genital feminina prejudica, também, a saúde emocional e até hoje, ninguém sabe ao certo quantas mulheres morreram por causa desta prática, que não proporciona qualquer benefício para a saúde.

Agora vamos refletir um pouco… Esta prática não proporciona qualquer bem-estar às mulheres, é perigoso e muitas vezes fatal. A mulher é um ser vivo, igual ao homem, certo? Então porque é que só as mulheres têm de sofrer este tipo de invasão pessoal? Pois se não fosse para a mulher sentir prazer, por que haveria de Deus lhe dar esta dádiva?

A mulher sofre muito ao longo da vida, e os homens não estão nem perto de saber o que é isso: desconfortos relacionados, cólicas menstruais, desequilíbrios hormonais, a dor da “primeira vez”, o parto, o após parto, a menopausa, e todas as outras dores femininas conhecidas.

Então, se a mulher sofre tanto, porque é que ela não pode sentir prazer? A mulher não é um objeto que está disponível para o homem! A mulher é um ser vivo, tem sentimentos e merece ser recompensada de alguma forma. O prazer sexual não terá sido uma recompensa dada à mulher pelo seu sofrimento natural de ser um ser reprodutor? Se o homem pode sentir prazer, porque é que a mulher não pode? Acredito que nunca teremos estas respostas confirmadas a 100%, mas vale sempre a pena por estas questões na mesa e pensarmos um pouco. E mesmo que não seja uma recompensa, a mulher tem todo o direito de ser feliz, de ser amada e respeitada.

A mulher tem o direito de escolher a sua própria vida e de como a quer viver e não cabe ao homem, à sociedade, à religião e a ninguém, jamais, ditar o contrário.

Lutemos por um futuro melhor, sem preconceito e exclusão social, onde todos somos iguais, tanto mulheres como homens.



Bem… Hoje fico por aqui.
Um abraço e até à próxima.


Borboleta Voadora
😊😊😊

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